Após a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberar para julgamento a ação que trata da descriminalização do aborto até a 12ª semana da gravidez, o deputado estadual Wallber Virgolino (PL) criticou a decisão e classificou a ação como um “desserviço à sociedade”
Wallber Virgolino afirmou que o STF vai analisar a ação apenas para “chancelar as pautas do PT”. O deputado ainda falou que a crítica ao caso não é por questão ideológica, mas humanitária.
“Infelizmente, o Poder Judiciário, principalmente a Suprema Corte, chancela as pautas do PT. Sou conservador e pai de família. Tenho vida porque meu pai e minha mãe não compactuaram com aborto. É um desserviço à sociedade. Aborto é um crime e considero mais grave do que homicídio. Fico triste com essas pautas. Não é questão ideológica, mas de humanidade. Fico triste e perplexo”, falou o deputado.
Como é a legislação hoje?
O pedido na ação é para que não se considere mais crime a interrupção voluntária da gestação de até 12 semanas.
No Brasil, conforme o Código Penal, comete crime a mulher que faz aborto ou quem provoca o aborto na gestante com o seu consentimento. O procedimento pode levar à prisão.
As exceções para a possibilidade de aborto, atualmente, são:
- quando não há outra forma de salvar a vida da gestante,
- se a gravidez é resultando de estupro
- e se ficar constatado que o feto é anencéfalo.
O que pede o partido?
A ação, movida pelo PSOL em 2017, pede que os artigos do Código Penal que tratam do aborto não tenham validade para a interrupção da gestação feita nas 12 primeiras semanas da gravidez. A sigla argumenta que a vedação é incompatível com dignidade da pessoa humana e a cidadania das mulheres.
O objetivo é garantir às mulheres o direito constitucional de interromper a gestação, de acordo com a sua autonomia e sem necessidade de qualquer forma de permissão específica do Estado, além de garantir aos profissionais de saúde o direito de realizar o procedimento.
Discussões no Supremo
O caso já foi tema de audiência pública convocada pelo próprio Supremo em 2018. Foram ouvidos especialistas, instituições e organizações nacionais e internacionais.
Participaram representantes do Ministério da Saúde, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, da Academia Nacional de Medicina, da Fundação Oswaldo Cruz, do Conselho Federal de Psicologia e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Ao final da audiência, em agosto de 2018, Weber disse que refletiria sobre o tema “para o amadurecimento da causa”.
Escolha de Weber
A ação sobre o aborto foi uma das quais Weber manteve sob sua relatoria quando assumiu a presidência do STF, em setembro de 2022. Ela também continuou com os casos sobre a legalidade do indulto ao ex-deputado Daniel Silveira e sobre o orçamento secreto.
O ministro que assume a presidência do STF normalmente repassa seus processos ao magistrado que deixa o posto, mas é possível escolher quais permanecerão sob sua relatoria.
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