A proposta de taxação de compras de até 50 dólares em sites estrangeiros, como Shopee e Shein, virou motivo de disputa política entre Lula e Jair Bolsonaro, como quase tudo o que é debatido no país. Com problemas de popularidade, o presidente disse antes da votação do texto pela Câmara que deveria vetar a cobrança de Imposto de Importação nessas transações caso este fosse aprovado, para não punir as parcelas da população com menor poder aquisitivo. Já o ex-presidente manteve a posição favorável à isenção, externada quando ainda governava o país, e ainda criticou o plano da gestão de petista de, segundo ele, meter a mão no bolso do contribuinte.
Diante das manifestações dos dois principais líderes políticos do país, a Câmara aprovou a taxação de 20% nas compras de até 50 dólares em votação simbólica, que é adotada quando há consenso e os partidos não querem externar publicamente os seus posicionamentos a respeito de um tema. Os deputados atenderam os apelos apresentados, entre outros, pelas confederações nacionais da Indústria (CNI) e do Comércio (CNC), que defendem a medida como uma forma de coibir a sonegação, evitar fraudes e garantir competitividade à indústria nacional frente aos exportadores estrangeiros. O Ministério da Fazenda e a CNI queriam uma alíquota maior, de até 60%.
“Todos os partidos entenderam que a taxação de 20% daria um equilíbrio para manter o emprego de milhares de pessoas”, declarou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), articulador da negociação que permitiu a aprovação. “Foi o acordo possível para o momento”, acrescentou. A proposta seguiu para análise do Senado.
Briga caseira
Defensor da isenção, Bolsonaro tentou evitar a aprovação da chamada taxa da blusinha, mas não conseguiu convencer nem mesmo o partido dele, detentor da maior bancada da Câmara. Na reunião do PL, o líder da sigla, deputado Altineu Côrtes (RJ), leu uma mensagem que o empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da rede Havan, encaminhou ao ex-presidente para defender a necessidade da cobrança da taxa.
No texto, Hang alega que a cobrança é vital para assegurar um mínimo de isonomia entre os fabricantes brasileiros e asiáticos. O empresário ganhou no mérito, mas está sofrendo nas redes sociais, onde tem sido atacado de forma implacável por bolsonaristas.
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