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Imprensa nacional destaca Paraíba em reportagem sobre ruídos entre Bolsonaro e presidente do PL

A imprensa nacional segue noticiando o impasse que ocorre no campo da direita sobre as eleições para prefeito da Capital paraibana. Uma reportagem publicada pela Folha de São Paulo nesta segunda-feira (15/01), destacou os ruídos entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o comandante do seu partido, Valdemar Costa Neto.

A divergência na preferência do candidato em João Pessoa foi apontada na matéria, no entanto, a Folha se equivocou ao indicar o deputado federal Cabo Gilberto como o escolhido pelo ‘triunvirato’ da direita paraibana, quando na verdade o pré-candidato já oficializado é o comunicador Nilvan Ferreira, que inclusive. A reportagem também enfatizou que Bolsonaro defende a candidatura do ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para a disputa na Capital.

A rixa interna no partido de Bolsonaro ocorreu após Queiroga ser oficializado como candidato pelo PL, contando com o apoio de Valdemar, mas deixando nomes fortes da política local “escanteados”, a exemplo do triunvirato formado por Nilvan, Cabo Gilberto e Wallber Virgolino, que decidiram lançar Nilvan como pré-candidato.

Confira abaixo a reportagem na íntegra:

Desde que se filiou ao PL, o ex-presidente Jair Bolsonaro ou seus aliados tiveram diversas rusgas com o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto.

As divergências já incluíram a escolha de candidatos para a eleição de 2024 e a reforma tributária.

O mais recente ruído ocorreu após Valdemar elogiar Lula (PT) e a escolha do ministro aposentado do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski para ministro da Justiça.

O dirigente do PL usou as redes sociais para se defender dos ataques que vem sofrendo por parte de apoiadores de Bolsonaro. O ex-presidente não fez comentários diretos sobre as declarações de Valdemar, mas postou vídeo nas redes sociais fazendo paralelos com Lula: “Não dá para comparar, eu posso ser um cara horrível, mas o outro cara é péssimo”, afirmou.

Elogios a gestões de Lula

Valdemar virou alvo de bolsonaristas por falar bem de gestões passadas de Lula, hoje seu adversário eleitoral. Uma entrevista concedida por ele em dezembro ao jornal O Diário, de Mogi das Cruzes (SP), seu reduto político, foi compartilhada no dia 12 de janeiro até por petistas.

No vídeo, Valdemar afirma que Lula tem “prestígio” e é fenômeno por “chegar aonde chegou”.

O trecho da entrevista que viralizou edita recortes em que ele é elogioso a Lula, retirando os trechos em que fala bem de Bolsonaro. No vídeo das redes sociais, Valdemar diz que Lula não tem comparação com Bolsonaro e que o presidente petista é “camarada do povo”. “O Lula é completamente diferente do Bolsonaro”, afirma.

Em entrevista à Folha, Valdemar disse que sua fala foi retirada de contexto, mas manteve elogios a Lula. “O que eu falei do Lula, eu falei porque é verdade. Se eu não falar a verdade, perco a credibilidade, que é o que me resta na política. Ninguém pode negar que ele foi bom presidente. Ele elegeu a Dilma [Rousseff]. Só que eu tava fazendo comparação: o Lula tem prestígio, Bolsonaro tem uma coisa que ninguém tem no planeta, carisma.”

No dia 13 de janeiro, Valdemar usou as redes sociais para se defender dos ataques.

O dirigente do PL foi condenado no STF no escândalo do mensalão e, à época, foi beneficiado por voto de Lewandowski. O então ministro do Supremo mudou posicionamento que havia feito pela condenação de Valdemar pelo crime de formação de quadrilha. Ao alterar o entendimento, houve empate em relação a esse crime, o que beneficiou o à época réu. Ele acabou condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva e cumpriu pena no caso.

Parte dos bolsonaristas tem atacado a nomeação de Lewandowski por suas decisões no STF favoráveis a Lula e ao PT e seu histórico garantista no Judiciário.

Apoio a Nunes

Valdemar reafirmou em dezembro que o PL e Bolsonaro vão apoiar a reeleição de Ricardo Nunes (MDB) à Prefeitura de São Paulo, apesar de gestos do ex-mandatário na direção contrária.

O ex-presidente chegou a dizer dias antes “Salles prefeito”. Naquela semana, Valdemar minimizou a declaração sobre o plano do deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) de concorrer ao cargo.

Valdemar é aliado de Nunes e ofereceu a Salles a opção de se desfiliar caso ele queira concorrer à prefeitura. Salles, porém, tem dito a pessoas próximas que não pretende deixar a sigla e que ainda confia na bênção de Bolsonaro para encabeçar uma chapa do PL na corrida eleitoral.

Candidaturas em capitais

Em novembro, Bolsonaro afirmou que o PL tem enfrentado problemas para definir nomes para as eleições de 2024 e que, por vezes, tem que “engolir” o candidato de Valdemar e vice-versa.

“Nós temos tido problemas. Vários nomes para disputar a prefeitura na mesma cidade. Isso não é fácil”, disse. “Na medida do possível, eu me coloco no lugar dele [Valdemar], ele se coloca no meu lugar, e para nós podermos crescer temos que abrir mão. Então, por vezes, eu engulo o candidato do Valdemar, depois ele engole um candidato meu.”

Como mostrou a coluna Painel, da Folha, Valdemar e Bolsonaro divergem sobre candidaturas em algumas das capitais.

O acordo é que Bolsonaro terá preferência sobre os arranjos no Rio de Janeiro e Valdemar em São Paulo. Nas demais cidades, a definição se dará por meio de pesquisas.

Em João Pessoa, Bolsonaro prefere o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga, cuja cerimônia de filiação foi prestigiada por Valdemar. O dirigente partidário, no entanto, aposta no deputado federal Cabo Gilberto (PL-PB).

No Recife, o ex-presidente quer lançar o ex-ministro do Turismo Gilson Machado. Por não haver outro nome competitivo, Valdemar tende a apoiar a escolha.

Reforma Tributária

Valdemar disse em julho que Bolsonaro errou “na comunicação” quando se declarou contra a reforma tributária e que o PL ainda poderia mudar de posição no Senado, na época.

A postura foi na contramão da votação na Câmara, quando o partido e o ex-presidente se posicionaram contra a medida. De 99 deputados da sigla, 20 votaram a favor.

Diante de uma proposta que contou com o apoio massivo na Casa, a derrota caiu no colo do ex-presidente, que Valdemar disse acreditar poder mudar de opinião diante da votação.

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