Foram dois gestos de civilidade. De quem pediu a audiência e de quem concedeu. A atitude do prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSD), representou uma demanda administrativa. A postura do governador João Azevêdo (PSB) simbolizou a separação de ressentimentos políticos das obrigações governamentais.
Havia muito tempo que a Paraíba não assistia adversários políticos, revestidos de funções públicas relevantes, conversando sobre responsabilidades comuns, em ambiente desobstruído, sem holofotes da mídia, sem espetacularização do trivial, e sem um batalhão de asseclas assoviando intrigas.
João poderia matar na unha o prefeito de Campina Grande e crítico contundente na campanha e colocá-lo no fim da fila dos pedidos de audiência. Já vimos isso por aqui. Também poderia ter cedido a tentação de exigir testemunhas e fazer do encontro uma oportunidade de chá de cadeira daqueles que também já vimos por aqui.
Bruno Cunha Lima poderia ter evitado a solicitação para conservar o estoque de orgulho pessoal. O prefeito campinense também poderia ter mantido o debate pela imprensa, com a eterna vitimização de Campina Grande em relação aos governadores sem certidão de nascimento na cidade. Desviou-se do atalho óbvio e preferiu o caminho assertivo da maturidade institucional.
No caso de João, a decisão de ser anfitrião de um adversário na atmosfera mais informal da Granja Santana não é gesto isolado. Ela se soma a outros encaminhamentos, como o que presidiu ao chamar todos os deputados da oposição para um café da manhã no início do seu segundo governo. O governador não prometeu na campanha e nem colocou em seu programa, mas tem feito da distensão uma política de governo. Em doses práticas.
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