No cenário político de Picuí, uma cidade marcada por desafios e necessidades urgentes, um episódio recente revelou o quão distantes estão as prioridades de alguns de seus representantes. Os 11 vereadores da Câmara Municipal de Picuí propuseram uma competição para eleger o “maior chupão de picolé” da cidade.
Enquanto a comunidade enfrenta problemas cruciais que clamam por soluções, como o desenvolvimento econômico e a infraestrutura precária, os legisladores optaram por um entretenimento de gosto duvidoso.
A ideia absurda partiu de um dos próprios vereadores da Casa, que anunciou a realização da competição com entusiasmo.
“Será lançada uma bateria com os 11 vereadores da cidade para saber qual será o vereador será considerado o maior chupão de picolé da cidade”, disse o vereador.
Durante o pronunciamento do vereador, os onze legisladores responsáveis por tomar decisões importantes para o futuro da cidade permaneceram rindo e dando gargalhadas, como se fossem estudantes da 5ª série.
O mais triste na história é que a tradição de Picuí na produção de picolés caseiro poderia ser explorada de uma maneira completamente diferente, impulsionando a economia e cultura locais.
O Picolé: Uma Tradição que Coloca Picuí no Mapa
Picuí é conhecida nacionalmente por uma tradição que nasceu da iniciativa empreendedora de sua própria comunidade: o “Picolé Caseiro de Picuí”. Esta iguaria surgiu em 1990, quando Joselma Oliveira, uma picuiense, decidiu aproveitar a receita caseira do picolé que sua mãe, Severina de Basto, vendia em sua própria casa, próximo à cadeia de Picuí. A inovação de Joselma foi criar um picolé com um formato que se adequasse melhor à boca, dando origem ao famoso “picolé cônico”. O sucesso foi instantâneo.
Com o aumento da demanda pelo produto, a empresa “Picolé Caseiro” expandiu-se, mudando suas instalações para várias cidades, como Currais Novos, Assú e Mossoró, até finalmente estabelecer-se em Fortaleza, Ceará, em 1994. O nome da empresa também mudou para “Pardal Sorvetes”, tornando-se uma referência nacional na indústria de sorvetes.
Hoje, graças ao sucesso do picolé, mais de 30 empresas, a maioria com picuienses como proprietários, produzem picolés “made in Picuí” que são comercializados em todo o Nordeste, e até mesmo em São Paulo. Essas indústrias empregam direta e indiretamente cerca de oito mil famílias, contribuindo significativamente para a economia local.
Embora o “Picolé Caseiro de Picuí” tenha se tornado uma marca nacionalmente reconhecida e seja um pilar importante da economia local, as autoridades municipais nunca divulgaram adequadamente sua importância para a cidade.
Com PB Agora