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CPI do 8 de janeiro: governo Lula prepara batalha virtual contra oposição, barulhenta nas redes

Escalação de bolsonaristas para integrar comissão tem levado em conta o poder de fogo no ambiente digital. Governistas organizam equipe e pretendem mobilizar influenciadores

Às vésperas de mais uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com potencial de mobilizar as redes sociais, a dos Ataques Golpistas, governo e oposição têm preparado as armas que vão utilizar na arena digital. Um bom desempenho na batalha virtual é apontado pelos dois lados como decisivo para a vitória no campo legislativo. Parlamentares do PL apostam no engajamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e em antigos integrantes do chamado “gabinete do ódio”, grupo de ex-assessores palacianos especializado em atacar adversários políticos. Os governistas, por sua vez, têm montado uma equipe dedicada às redes e pretende pedir ajuda a influenciadores ligados à esquerda, como o youtuber Felipe Neto, que atuou em favor de Lula na campanha eleitoral.

A própria escalação dos integrantes da CPI têm sido feita por bolsonaristas levando em conta o poder de fogo nas redes. Das seis vagas reservadas aos deputados do PL — entre titulares e suplentes —, três dos escalados estão na lista dos dez mais influentes, de acordo com monitoramento da Genial/Quaest. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ocupa a quinta posição, enquanto André Fernandes (PL-CE), autor do requerimento da CPI, é o sétimo no ranking. O topo dessa lista é de Nikolas Ferreira (PL-MG), com 2,4 milhões de seguidores no Twitter, que ficará como suplente.

A estratégia do grupo passa por utilizar gabinetes que têm equipes mais estruturadas para trabalhar com a internet. A ideia é que essas pessoas forneçam banners e memes para os colegas. Entre eles está o de Nikolas, que tem entre seus assessores Lígia Nara Arnaud Tomaz, irmã de Tércio Arnaud Tomaz — um dos principais nomes do “gabinete do ódio” que funcionava no Palácio do Planalto no governo Bolsonaro.

A exemplo do irmão, Lígia teve seu sigilo telefônico e telemático quebrado pela CPI da Covid, em 2021. Apesar de não ter exercido um cargo no governo federal, ela foi apontada como uma das criadoras de conteúdo falso na internet sobre vacinas, tratamento precoce sem eficácia comprovada e teorias como a da imunidade rebanho. Procurada, ela não retornou aos contatos.

Outro ex-assessor da Presidência que atuava no “gabinete do ódio”, José Matheus Sales Gomes foi contratado no mês passado pelo deputado Delegado Ramagem (PL-RJ), que comandou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Bolsonaro e deve ocupar uma cadeira de titular na CPI.

Vice-presidente do PL, o deputado Capitão Augusto (PL-SP) afirma que a ideia é que a oposição tenha um grupo organizado para municiar seus parlamentares tanto nas sessões quanto nas redes.

— O Congresso é muito influenciado pela opinião pública, e as redes sociais estão tendo um papel essencial nisso — disse Augusto.

A mesma lógica da Câmara foi adotada no Senado, onde Magno Malta (PL-ES), o quinto senador mais influente nas redes, será titular. Suplente dele na CPI, outro filho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ocupa a vice-liderança no ranking. Além dos nomes do PL, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) vai reforçar a equipe dos “bons de briga” da oposição e pretende reforçar sua equipe com foco na estratégia virtual.

O Globo

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