Na gravação da reunião entre Jair Bolsonaro, o general Heleno, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e do então chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, o ex-presidente parece queixar-se com as advogadas de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) que o objetivo das investigações da operação Furna da Onça — que investigava suposto esquemas de rachadinha envolvendo seu filho — era, na verdade, uma perseguição a ele, Jair.
Em um momento da gravação feita por Ramagem, Bolsonaro questiona: “Mas qual o objetivo final de tudo isso daí? É me atingir…Por exemplo…eu não tenho nada. É me atingir moralmente”, diz então presidente. “O único imóvel meu eu comprei em dois mil e onze, numa boa…“
Uma das advogadas responde com um entusiasmado “Sim!”, e Bolsonaro se cala, sem concluir o raciocínio.
Mais à frente, a advogada de Flávio, Luciana Pires, sugere que “em tese, com um clique você consegue saber se um funcionário da Receita [inaudível] esses acessos lá”, o general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse que “ele [provavelmente Gustavo Canuto, ex-ministro de Bolsonaro e que cuidava da Dataprev, de processamento de dados] tem que manter esse troço fechadíssimo” e que a operação deveria “pegar de gente de confiança dele. Se vazar [inaudível].”
É quando Bolsonaro assevera — quase como uma profecia. “Tá certo. E, deixar bem claro,a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa. Que não estamos procurando favorecimento de ninguém.“
Ele não falava daquele momento presente — mas era justamente ali que ele estava sendo gravado pelo seu indicado para da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O áudio, descoberto por policiais federais, teve seu sigilo levantado há pouco pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).